segunda-feira, 29 de junho de 2009

DUAS CARAS

Michael Jackson está morto.
Não o artista. O rei do pop. O Fred Astaire dos anos 80. O renovador do rhythm and blues. O moonwalker. O invencível.
Esse viverá para sempre.
Estará sempre entre nós em videoclips, CDs, DVDs, discos de vinil, VHS, MP3, ou seja lá o que mais que os mercadores da arte cismarem de vender.
Morreu o homem.
O pai de três filhos.
Aquele que nós desconhecemos.
O ser-humano atrás do personagem.
A criança explorada e humilhada (molestada?) pelo pai.
O adulto acusado de molestar sexualmente menores de idade. Perversão? Oportunismo das outras partes? (Eu particularmente sempre acreditei na sua inocência. Assim como acredito na de Mike Tyson).
O negro que se tornou branco. Doença de pele? Vaidade? Criador perdendo-se na criatura?
O empresário inescrupuloso capaz de passar a perna no amigo (até então) Paul McCartney e faturar com a compra dos direitos autorais dos The Beatles.
A criança desgovernada que não conseguiu controlar seus gastos e faliu um patrimônio de bilhões.
O homem que se isolou na sua solidão. A criança que criou seu próprio mundo.
Vítima de um mundo doente onde a mais valia está sempre em primeiro plano ou o seu maior ícone, a sua imagem e semelhança?
Heal the world. We are the world.
O que fica é a tristeza por saber que, mais uma vez, um talento ímpar, um homem genial em sua arte, foi evidentemente infeliz.
Que ele descanse em paz...
 
Leandro L. Rodrigues  - cronista e pesquisador musical. Mais textos no blog http://mandandobrasa.blogspot.com/

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