quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Paralelo é Periférico

Voces aí que não tem visão.!!!

E são duros de coração.
Podem não entender o que eu vou dizer...
Mas eu direi: “ Certos movimentos tem um papel decisivo.
E o nosso agrupamento de culturas, idéias, ideais e vontade não vão deixar a desejar.
A influência e a modificação fará seu papel com o passar do tempo, como já tem feito”.
A ordem é defender...
Organizar.
Orientar.
Criar!
E é assim criando que o nosso mano lá da Baixada Santista de nome Tubarão trabalha.
Ele é também um discípulo da arte especializado na força mágica de recriar através do lixo.
O escultor do lixo, olha e pronto, já começou a transformação em sua mente....
Ele modifica a estrutura dos objetos dando novas formas e o resultado é surpreendente.
Eu considero Tubarão um mestre naquilo que faz.
O que parecia aço poderá vír a ser uma bela peça leve e flexivel.
O que parecia frio e duro poderá ter vida e calor.
O que parecia velho e teria caído em desuso não acabará mais por ter seus últimos dias no lixo se for visto pelo artista e escultor.
As etapas de trabalho são muitas, mas isso, não desanima.
Pois ele mesmo diz:
-Não vejo mais nada como sendo lixo, na realidade para ele tudo é matéria prima, tudo é produto que virá a ser sua criação.
Para este grande artista da periferia , também nada é impossivel.
Portanto galera o ritmo e a vontade está em cada um de nós, assim como está aí neste exemplo que vem a ser nosso maninho Tubarão.
“ Te organiza aíii e não te sinta mais insiguinificante.” Pois pra ti também haverá muitas possibilidades se tu deixar a manifestação do teu pensamento bom, vír a tona.
E assim será a ordem do teu universo também. Tudo se transformando em interresse, criatividade, aventura, e liberdade. No início tudo poderá parecer vago e incerto, massss não custa tentar”.

Parabéns Tubarão pela tua arte.

Mary do rap.

Paralelo Periférico

http://www.marydorap.blogspot.com/


Mumia Abu-Jamal


Sistema judicial estadunidense persiste em assassinar Mumia

A procuradora distrital de Filadélfia, Lynne Abraham (equivalente a procuradora do ministério público) pediu ao Supremo Tribunal dos EUA que voltasse a impor a pena de morte a Mumia Abu-Jamal. Se esse pedido for aceito, isso pode significar a EXECUÇÂO imediata de Mumia, sem qualquer nova audiência ou julgamento, e apesar da montanha de novas provas que têm surgido em defesa da inocência de Mumia. Entretanto, o advogado de Mumia anunciou que iria também entregar no Supremo Tribunal um pedido de um novo julgamento. Este pedido tem de dar entrada até 19 de Dezembro. Este novo pedido tem por base o racismo que existiu na seleção de jurados no julgamento original e nas falsas indicações da procuradoria aos jurados na fase de decisão da culpa. São essencialmente os mesmos argumentos já usados (e negados) perante o Tribunal de Recurso do 3º Circuito de Filadélfia. Não podemos deixar que Mumia seja assassinado! Em defesa de Mumia, o dia 6 de Dezembro vai será assinalado como Dia Internacional de Solidariedade com Mumia Abu-Jamal! Apelamos a todos os amantes da justiça e da liberdade que cerrem fileiras em defesa de Mumia Abu-Jamal. Multipliquemos as iniciativas de divulgação desta causa!

Novo Documentário Sobre Mumia

Um novo documentário britânico, "In Prison My WholeLife" ("Na Prisão Toda a Minha Vida"), sobre a vida de Mumia foi exibido novamente nos Estados Unidos. O documentário já tinha estreado nos EUA no Festival Sundance em Janeiro e foi agora exibido no Festival Urbanworld de Nova Iorque a 11 e 13 de Setembro e depois na Conferência CR10 (Resistência Crítica 10anos) em Oakland, Califórnia, a 26 de Setembro. O documentário já tinha estado nos Festivais de Cinema de Londres e de Roma em 2007. O documentário relata a história de William Francome, que nasceu no dia em que Mumia foi preso. A sua mãe costuma dizer-lhe que cada aniversário que ele tinha era mais um ano passado por Mumia na prisão. Com o conhecido ator britânico Colin Firth como produtor executivo, "In Prison My Whole Life" foi realizado por Marc Evans e produzido por Livia Giuggioli Firth e Nick Goodwin Self. O filme inclui entrevistas com personalidades como Alice Walker, Angela Davis, Noam Chomsky, Amy Goodman, Ramona Africa, e músicos como Mos Def, Snoop Dogg e SteveEarle. A Anistia Internacional incluiu o filme na sua campanha internacional pela abolição da pena de morte. O documentário mostra as agora famosas fotografias da cena do crime tiradas a 9 de Dezembro de 1981 e que apenas foram redescobertas recentemente pelo autor alemão Michael Schiffmann, que as publicou no seu novo livro. Também inclui uma entrevista com o irmão de Abu-Jamal, Billy Cook, que estava no local depois do polícia Faulkner ter mandado parar o seu carro. É a primeira entrevista gravada de Cook e este nega a versão da acusação de que acertou na cara de Faulkner, supostamente provocando assim o espancamento que recebeu do polícia. Cook mostra as cicatrizes que ainda hoje tem na cabeça e diz: "Eles prenderam-me por o ter atacado, mas eu nunca pus a mão nele. Só estava a tentar proteger-me. Nunca acertei nele. Nunca acertei nele." Cook diz que depois de ter sido violentamente espancado com a lanterna do polícia, Faulkner "foi meio vulgar e grosseiro. E se bem me lembro acrescentou a meio um palavrão racista... 'Volta para o carro, preto´." Um trailer do documentário está disponível em: http://vids.myspace.com/index.cfm?fuseaction=vids.individual&videoid=17949640.

Dia de Solidariedade Internacional com Mumia
dia 6 de Dezembro foi denominado Dia de Solidariedade Internacional com Mumia Abu-Jamal. Estão marcadas ações em todo o mundo, em particular por todos os EUA, a maior das quais será uma concentração em Filadélfia frente à procuradoria distrital (o equivalente ao ministério público e que se tem destacado numa criminosa perseguição a Mumia). Daremos mais novidades à medida que as formos obtendo.

Snoop Dogg e os Massive Attack Gravam Música de Homenagem a Múmia

O rapper estadunidense Snoop Dogg e o músico 3D do grupo britânico de trip-hop Massive Attack (MA) juntaram-se para gravar uma música de apoio a Mumia, "Calling Mumia". Os músicos fizeram a gravação sob o nome de "100 Suns" e surgem no novo documentário "In Prison My Whole Life" sobre a vida de Mumia, antes e depois da sua prisão por um crime que não cometeu. Um excerto da música diz: "A forma como agora vivo é para educar e inspirar as crianças / e dar-lhes mais que erva e cerveja. /Tenho muito para dizer / porque não é divertido estar-se preso." A música está disponível no site dos MA: http://www.massiveattack.com/index.php?id=657, e no YouTube, http://www.youtube.com/watch?v=0Tv78kaTGP4.

Novo Livro Sobre Mumia

Um novo livro de denúncia da farsa que foi o julgamento e a condenação de Mumia Abu-Jamal foi publicado em Maio passado nos EUA. O livro, The Framing of Mumia Abu-Jamal, foi escrito por J.Patrick O'Connor, que defende que o verdadeiro atirador no caso da morte do polícia Faulkner foi Kenneth Freeman, e mostra como Mumia foi claramente tramado pela polícia, devido à sua atividade política, tanto como membro dos Panteras Negras como mais tarde como jornalista que denunciava a atuação racista da polícia de Filadélfia.
Comentário de Mumia Sobre a Vitória de Obama
"(...) Mas o que é que ela significa? Não podemos negar o seu valor simbólico. Em milhões de lares negros, a sua fotografia será colocada ao lado das de Martin, John F. Kennedy e de uma empaledecida pintura de Jesus. (...) Mas para além do símbolo há a substância. E substantivamente, alguns acadêmicos definem Obama como pouco diferente dos seus antecessores. Apesar disso, os símbolos são uma coisa poderosa. Por vezes têm uma vida própria. Podem vir a significar algo mais do que pretendiam à primeira vista. Foi feita História. Veremos que tipo de história será. (...)"

23 de Novembro de 2008

Coletivo Mumia Abu-Jamal


terça-feira, 25 de novembro de 2008

1º Mostra Cultural Cooperifa - parte 2



No último sabádo no CEU do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, estivémos prestigiando mais um dia da Mostra Cultural da Cooperifa, onde rolou exposição de artes com Magrela´s Bike, Jair Guilherme com "Natural da Periferia" e Carolzinha com "Revestrés" além de feira de livros independentes com uma rapaziada de primeira...Elo da Corrente ( Salve Michel ), Sacolinha, meu parceiro Fuzzil, Allan da Rosa, Marcelo Beso,Rodrigo Círiaco, Marcio Batista, Sérgio Vaz e por ai vai...alé de um debate "Literatura periférica : Quem escreve?Quem lê? Quem crítica?" com a jornalista e escritora Eliane Brum, os escritores Allan da Rosa e Marcelo Beso tendo como coordenador Sérgio Vaz, muitas idéias, algumas provocações e várias risadas, literatura das boas.Logo após o debate rolou um Sarau com a participação de vários poetas de vários saraus, coisa fina, de primeira mesmo, grande satisfação e responsa ter participado.No domingo foi o encerramento com chave de ouro,shows com Wesley Nóog,lançando seu cd , Periafricania, Versão Popular e Z'África Brasil.Pra quem diz que periferia é só tiro...sangue...ta ai a resposta...literatura...arte...música...dança...tudo feito por gente da gente...parabéns a todos que de alguma forma contribuiram para a realização desse evento...e to ligado que não para por ai...logo Sérgio Vaz...inventa mais...tamo junto(claro).


Quem quiser saber o que rolou mais acesse: http://colecionadordepedras.blogspot.com/

Tamos juntos


Tubarão - Baixada

Fuzzil e Tubarão


Allan da Rosa, Sérgio Vaz, Marcelo Beso e Eliane Brum

A Feira

Arte - Jair Guilherme


Magrela´s Bike


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

1º Mostra Cultural da Cooperifa - parte 1


Ontem aconteceu o debate "Existe uma escrita periférica?",na Casa Popular de Cultura do M'Boi Mirim na Zona Sul de São Paulo, o evento fazia parte da Mostra Cultural da Cooperifa em parceria com o Ação Educativa, contou com a participação dos escritores Sérgio Vaz, um dos organizadores da mostra, Sacolinha de Suzano e Férrez e teve a mediação de Marcelino Freire, a discussão foi muito boa, assim como o público que lotou o espaço cultural numa tarde de quarta feira na periferia de SP, onde se tinha como maior atração a literatura.
Assim que terminou o debate fomos todos para o bar do Zé Batidão (salve seu Zé, muito respeito)), onde toda quarta feira acontece o Sarau da Cooperifa e o de ontem também fazia parte da Mostra cultural e foi em homenagem ao dia da Consciência Negra, se o debate já tava lotado imagine o sarau, vixi gente adoidado....umas 500, mais de 70 poetas declamaram suas poesias, verdadeiro quilombo cultural, muito astral e respeito....de final ainda teve uma participação de Fernandinho Beat Box...tudo nosso!!

Agradeço a recepção do parceiro Sérgio Vaz, parabéns pela inciativa...tamo junto!



O debate

Marcelino Freire, Sacolinha, Sérgio Vaz e Férrez

Casa Popular de Cultura do M'Boi Mirim

Sarau Cooperifa lotado

Sérgio Vaz e Tubarão

Jairo Periafricania, Tubarão, Cocão Versão Popular

Tubarão e Fernandinho Beat Box

Salve Zumbi


Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver..

Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.

No ano de 1675, o quilombo é atacado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após um batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.

O bandeirante Domingos Jorge Velho organiza, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695.

Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e pratica da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.

Dia Nacional da Consciência Negra

Esta data foi estabelecida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. Foi escolhida a data de 20 de novembro, pois foi neste dia, no ano de 1695, que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.


A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no período do Brasil Colonial. Ele morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e também um forma coletiva de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por esta cultura e pela liberdade do seu povo.

A criação desta data foi importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional. Os negros africanos colaboraram muito, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país. É um dia que devemos comemorar nas escolas, nos espaços culturais e em outros locais, valorizando a cultura afro-brasileira.

A abolição da escravatura, de forma oficial, só veio em 1888. Porém, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão.

Vale dizer também que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros foram sempre considerados hérois nacionais. Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história. Passos importantes estão sendo tomados neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.

domingo, 16 de novembro de 2008

dulixo suburbano convicto !

              Buzo, Tubarão e Evandro Power Rangers

                                             Tamo junto

            Marilda Borges,Buzo, Tubarão e Eduardo b-boy

                                   Buzo em entrevista

                              Suburbano Convicto e dulixo

Ontem sabadão...feriado...a dulixo foi até o Itaim Paulista SP, fazer uma visita ao meu parceiro Alessandro Buzo, escritor e apresentador do quadro Buzão no programa Manos e Minas na TV Cultura e também conhecer a sua loja Suburbano Convicto...onde Buzo vende além de de cd's e dvd's de rap, muita literatura ...muito astral.Passamos o dia por lá...demos um rolezinho de leve pra conhecer um pouco a quebrada...conversamos sobre rap, literatura, periferia e sobre o novo projeto de Buzo e Tony Nogueira DGT filmes...o filme de 70 min. denominado Profissão MC...onde o protagonista será o rapper Criolo Doido...satisfação total.Colou também alguns universitários da UNIFIEO de Osasco que fariam uma entrevista filmada com Buzo, para ele contar um pouco de seus projetos, que não são poucos, e falar sobre literatura, como agora sou colunista do blog www.literaturaperiferica.blogger.com.br , Buzo me chamou para dar uma palavrinha sobre o assunto, entre uma cervejinha e um pedaço de frango assado (pra eles, sou vegetariano)muita idéia e boas risadas.Agradecido a Buzo, Marilda Borges (esposa do Buzo e fotógrafa), Evandro   ( power rangers) e Eduardo b-boy pela recepção.Tamo junto...aguardo voces aqui na Baixada....universitários...Diego,Angela,Débora,Gislaine e Patricia...forte abraço.

Tubarão
    

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

PROFISSÂO MC - O filme

                        Alessandro Buzo e Criolo Doido

Só mesmo o doido do Alessandro Buzo para fazer a loucura de rodar um filme longa metragem, em apenas 7 dias. Porque em 7 dias ? Primeiro porque é tempo pra caramba, Deus criou o mundo em 6 e descansou no sétimo. Segundo porque o filme é (0800), não capitou um único real (precisamos e aceitamos apoio). Então sem grana, todos os atores, cameras e edição vai ser feito por parceiros do projeto, não existe cachê. Sem grana, só mesmo fazendo rápido, para não ocupar demais a todos. Poucos dias mas tudo feito com qualidade, duas cameras em HD total, equipe DGT Filmes (Povo Lindo, Povo Inteligênte (2008), Oswaldinho da Cuica - Cidadão Samba (prelo). Que além de filmar, depois vai editar. A mesma equipe que produz o quadro Buzão - Circular Periférico do Programa Manos e Minas da TV Cultura, além do Buzo, Toni Nogueira que divide a direção, Mauricio Falcão, Sérgio Gagliard e Tiago "Cabelo" Pastoreli. O único ator profissional que será convidado é o Antonio de Niggro que fez o Pernoca no seriado Turma do Gueto da TV Record. Buzo aguarda saber se o amigo pode. Além do Rapper Criolo Doido, que é estreiante nas telas, o resto do elenco de "profissão mc" também são. Muitas vagas já foram preenchidas, se liga no time............Da Antiga (Traficante 1), Zumba (Traficante 2), Trutty (compra droga 1), Alexandre de Maio (compra droga 2), Zé Augusto (compra droga 3), Ricardo Relógio (compra droga 4), Tubarão (compra droga 5) serão 15 pessoas que aparecem comprando drogas. Segue o elenco com o Dê (Policial, voz de prisão), Mauricio Falcão (policial viaduto), Antonio de Niggro (policial carrinho pipoca), Vagnão (Policial apoio), Cacau (cara do estudio), Rappin Hood (como Rappin Hood mesmo, apresentando o Criolo Doido no Manos e Minas da TV Cultura), Marilda Borges (atendente loja 1), Eduardo B Boy (atendente de loja 2). Ainda estamos confirmando outros nomes. Sinopse O filme começa numa quadra de society (areia) na favela do D´Avó, debaixo do viaduto da China (região do Itaim Paulista no extremo leste de São Paulo). Criolo Doido está com dois amigos de infancia, vendo a molecada jogando bola. Ele é um cara comum da periferia que sonha cantar rap e está passando perreio desempregado, com a namorada gravida. Do seu lado estão o Da Antiga, que é o principal traficante da favela onde eles se encontram, é o patrão. E o amigo que canta Rap com o Criolo. Na hora que passa uma mina, eles falam de mulher e Criolo Doido revela que a mina ta gravida e ele duro. O "amigo" traficante oferece drogas pra ele vender e o amigo do rap, repreende e diz que ele é um talento. Depois mostra ele procurando trampo e por fim amanhecendo ao lado da mina que fala um monte da situação, ele sai tretando e encontra o amigo traficante de cara, aceita o seu convite e passa a vender droga. Começa na humilde e depois os negocios prosperam, ele vira o cara e depois da morte do Da Antiga (emboscada), vira o novo patrão. Só que um dia a casa cai e quando ele vai em cana, na hora que a grade bate, volta tudo.......................................até ele discutir com a sua mina e sair de casa. Desta vez, não encontra o traficante e sim o amigo do RAP, que anuncia que o Cacau do estudio, deu uma faixa de presente pra eles, com tanto que as demais do CD eles fizessem depois com ele. Então mostra o Criolo Doido em vez de vendendo droga e ganhando dinheiro, dando dura no estudio, procurando um trampo e enfim arrumando. Depois lançando seu primeiro CD e enfim sendo convidado para cantar na TV Cultura, no Programa Manos e Minas apresentado pelo Rappin Hood. * Na vida real Criolo Doido foi atração do mesmo programa, que foi ao ar no dia 05/11/2008. A gravando pra TV é o oposto total dele indo preso na primeira parte e no Manos e Minas, ele no auge, acaba o filme. "Profissão MC" é um rapper que deu certo e que tinha tudo a sua disposição para não dar.
Argumento e roteiro, Alessandro Buzo. Direção: Alessandro Buzo e Toni Nogueira. DGT FILMES (2008/2009)
Por Buzo

It’s Yours Take It - São Paulo - Brasil


Essa é a chamada geral a todos os artistas do planeta e principalmente os brasileiros, envie essa mensagem para os amigos e espalhe esse evento inédito no Brasil!
Muitos artistas estrangeiros já mandaram e continuam mandando obras!
“It’s Yours Take It” é uma exposição mundial de FREE ART (arte grátis), onde artistas de vários países enviam suas obras para serem expostas em local público - como ruas, praças, parques, eventos ao ar livre ou simplesmente deixando na rua para alguém pegar - assim durante o evento as obras estarão sendo “doadas” para o público!

ARTE PARA TODOS !!!!

Na primeira versão do “It’s Yours Take it! São Paulo - Brasil” as obras serão apresentadas no “HALL OF FAME BRASIL”, um imenso corredor de labirintos pintados por Grafiteiros de diversos locais do Brasil e do mundo, além de ser uma grande praça da vila de artes mais conhecida do brasil, a Vila Madalena (o local foi usado em 2001 para 0 lançamento da revista Arte Nas Ruas).
O evento It’s Yours Take it! Brasil, apresentará tambem MCs, DJs e B.boys, além de pinturas de pinturas, videografismo e muito mais… Artistas dos outros elementos (Rap, MCs, DJs e B.boys) interessados em participar, devem entrar em contato pelo email: mailto:sp9370@yahoo.com.br

Mais informações:www.flickr.com/groups/824529@N25 (Fórum)www.flickr.com/photos/gejo

Os artistas interessados em enviar as obras podem escrever para mailto:sp9370@yahoo.com.br ou enviar a obra para:
Caixa Postal: 44.314CEP: 03658-970São Paulo - SP
Local: Beco Escola Aprendiz - Rua Belmiro Braga - Vila MadalenaData: 06/12 - 2008Horário: 10h00 às 22h00Tema: livreObras: madeira, papelão, stickers, posters, telas, painel, papel, recicláveis ou outros materiais.Prazo para entrega: 15/11Organização: Gejo - Gil - Eymard Ribeiro


Pensamento...

“se sentires a dor dos outros com a tua dor, se a injustiça no corpo do oprimido for a injustiça que fere a tua própria pele, se a lágrima que cair do rosto desesperado for a lágrima que você também derrama, se o sonho dos deserdados desta sociedade cruel e sem piedade for o teu sonho de uma terra prometida, então serás um revolucionário, terás vivido a solidariedade essencial.”

Leonardo Boff

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Projeto Radiola V.12


Ativistas invadem laboratório da USP



10/ 11/ 2008 - O grupo Frente de Libertação Animal (FLA) invadiu um laboratório do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e destruiu materiais de pesquisas, equipamentos e computadores. Ninguém foi identificado ou detido.

De acordo com a polícia, uma professora da Faculdade de Biologia comunicou a ação do grupo ao 93º DP (Jaguaré), por volta das 10h30m de quinta. O prédio foi invadido por volta das 8h15m. O grupo, que protesta contra a utilização de animais em pesquisas, danificou o microscópio, o monitor do computador, um notebook e cortou os fios dos telefones. Eles espalharam os materiais de pesquisas pelo chão, o que danificou sua utilização. Nada foi levado do laboratório.

Segundo a polícia, o grupo também pichou a parede com a seguinte frase: "ALF ataca novamente. Nós voltaremos. Pensem em alternativas." ALF (Animal Liberation Front) é a sigla do grupo em inglês. O grupo costuma fazer ações para libertar animais que são usados em pesquisas. Em seu site, a ALF estimula ações individuais, como resgates e sabotagens. A polícia pediu que fosse feita perícia técnica no local. O caso foi registrado no 93º DP como danos qualificados.

Grupo é contra exploração de bichos

O Animal Liberation Front (ALF), ou Frente de Libertação Animal (FLA), é um grupo sem líderes que atua em cerca de 35 países. O grupo age em células que operam clandestina e independentemente umas das outras. No Reino Unido, eles utilizam uma frase que explica esse modelo de ativismo: "Por isto que a FLA não pode ser destruída, não pode ser infiltrada, não pode ser parada. Você, todos e cada um: vocês são a FLA."

Um dos objetivos da Frente de Libertação Animal é causar dano aos que lucram com a miséria e a exploração dos bichos. Como a estrutura do grupo não tem hierarquia, cada indivíduo ou célula controla sua própria atividade. As ações são anônimas e divulgadas pelo grupo em seu site. O último registro é de uma ação na Universidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. A invasão na USP não está registrada na página.

Fonte: mídia corporativa

terça-feira, 11 de novembro de 2008

CRIANÇARTE




A criança trabalha.

Arquiteta sua arte com areia e água. Água e sal. Brinquedos. Trabalha com o sol, com o vento e com os aromas. Sua arte possui uma estética própria. Não se prende às regras ou convenções. Constrói para desconstruir e recomeçar.

Do castelo surgem cidades, alegrias, mares e pontes. Sonhos que guiam a breve brincadeira. Depois de sonhar, desconstruir e recomeçar. Não importam as opiniões, - “Que lindo!”, “Esse tá feio, faz de novo” - o sentido é apenas o jogo de fazer e desfazer. Sem linhas retas. Sem princípio nem fim. Sem deus nem dúvidas. Livre de conceitos ou pretensões. Apenas criar. Divertir-se. Preencher-se. Viver.

Ama sem racionalizar o amor. Vive sem saber que morre. Aprende sem saber que ensina. Ilumina inconsciente de sua luz. É rei na sua anarquia. Paz sem sombra de guerra.
O mundo do concreto ainda lhe é estranho. Seu contato maior é com o mundo dos sentidos. Com o sensorial. Que lembranças ainda trará do mundo uterino? Quais sobreviverão à permanente erosão causada pelas chuvas de opiniões externas? Quais sucumbirão?

Sua brincadeira é arte. Liberdade. Dionísio sem Apolo. É Hermeto e seus experimentos. Van Gogh e suas tintas. Seus amarelos. Tom Zé e seus instrumentos. A roda de Duchamp. As pedaladas de Robinho. A pedra no caminho de Drummond. Não há perpetuação. Nada está estabelecido e a beleza é um momento fugaz. Despretensioso. Lança mundos em um mundo que não se sabe mundo. Um universo paralelo. Um paraíso artificial.

Chegará o dia da expulsão do paraíso do livre pensamento e ela será condenada a vagar pelo mundo dos pensamentos pré-concebidos? Trocará sua livre expressão pelo raciocínio pré-estabelecido pelas religiões, ideologias e os grandes meios de irracionalização? Ou conseguirá matar o minotauro da ganância e, guiando-se pelo novelo da evolução, escapar do labirinto do individualismo e da ignorância?

De suas decisões depende o mundo. A nossa esperança de futuro. “Vinde a mim as criancinhas”. Só um mundo formado pela autonomia da imaginação infantil será capaz de sobreviver. De lançar novas alternativas ao modelo arcaico dessa socialização violenta sempre em busca da homogeneidade. De varrer as teias de aranha do mundo uniforme das guerras e destruições e plantar as sementes de gentileza e diversidade.

Como um Deus criança, ela brinca de criar. Cria significante e significados. Céus e estrelas. Amigos e seres. Fonemas e ritmos. Mágicas e receitas. Transforma a panela em chapéu, a areia em castelo, bicho em gente, idoso em criança, açúcar em sal, meia em bola.

Os adultos observam.

Brincam de pais. Brincam de educar. Brincam que a vida é séria e que a idade, por si só, traz sabedoria.

A criança ri.

Leandro Luiz Rodrigues

Mais textos no blog: http://mandandobrasa.blogspot.com/

Autônomos FC


Autônomos FC: "futebol com alegria, mais espontâneo, menos mercadológico"

Criado por punks e anarquistas, desde 1º de maio de 2006, existe na Grande São Paulo um time de futebol autogestionado, com espírito anárquico. O Autônomos Futebol Clube, ou "Auto", como é carinhosamente chamado por seus "fãs". "Um time com ideal autogestionário, anti-racista, anti-fascista, contra o futebol mercadoria", explica Kadj Oman, um dos fundadores do clube. Na entrevista a seguir, ele fala, com a espontaneidade e malandragem libertária de um bom boleiro varzeano, do Autônomos FC e do esporte mais popular do país, cada vez mais industrializado e burocratizado pelos interesses materiais. Mas que, também, sob sol e chuva, terra batida, bola improvisada, descalços, resiste, alegra e encanta nas mais diversas "peladas" das periferias e rincões miseráveis do Brasil. Confira o bate-bola:

Agência de Notícias Anarquistas > Fale um pouco sobre o Autônomos Futebol Clube, sua organização e objetivos, em que contexto ele surge...

Kadj Oman < Bom, no fim de 2005, eu comecei a organizar um campeonato de futebol de salão que se chamava Copa Autonomia. Nele, não havia juiz e as regras eram poucas. Fizemos 10 edições dessa copa sem nenhum problema. Mulheres jogavam, crianças, a gente se divertia (inclusive, dá pra ver o vídeo da 1ª edição do torneio procurando pelo nome no YouTube). Aí, no Carnaval Revolução de 2006, em Belo Horizonte (MG), acabei participando de uma palestra/bate-papo sobre futebol e revolução, e conheci o Mau, o Jão e a Mix, do Ativismo ABC. Compartilhando um pouco das nossas angústias sobre o punk e o futebol, tivemos a idéia de fazer algo nesse sentido quando voltássemos. Aí eu aproveitei que na Copa Autonomia tinha um pessoal interessado na idéia e fundamos o time, pra jogar futebol society, no início. Foi uma época de muitas alegrias e muitas derrotas, tirando as amizades que surgiram. Jogaram suíços (5 ao mesmo tempo, de uma banda de ska), argentinos, australianos, canadenses, colombianos. E muitos brasileiros, punks ou não, afeitos ao ideal de autogestão. Mas o society era mercadológico demais pra gente, e então fomos pra várzea, onde mais e mais gente foi se interessando pelo time e ele cresceu. Hoje temos dois quadros e um time "júnior", composto por alunos de um dos zagueiros do time. Sobre a organização, bem, a gente divide tudo, desde lavar os uniformes até ficar de gandula nos jogos, passando pela vaquinha pra pagar o campo em que jogamos, que é alugado. E os objetivos sempre foram o de resgatar o futebol com alegria, mais espontâneo, menos mercadológico, sem se fechar a qualquer um que concordasse com a idéia de autogestão. Faz pouco mais de um mês, traçamos um estatuto, já que o time está cada vez maior e a gente não quer perder o objetivo principal dele, que é se divertir. Lógico que jogamos pra ganhar, até porque fazer as coisas você mesmo pra gente significa fazer o melhor possível, mostrar o quão bom se pode ser assim. Mas não colocamos a vitória acima de tudo - aliás, só nos últimos 4 meses que o time passou a ganhar mais do que perder mesmo.

ANA > E que história é essa de futebol autogestionado?

Oman < Pra ser justo, toda a várzea é meio que autogestionada. Surgem campos onde quer que haja um pedacinho de terreno, por mais que a metrópole engula espaços e vomite de volta o futebol society e o futsal, além do profissional, é claro. Mas no nosso caso, a autogestão passa por uma questão estrutural, de não ter presidente, diretor, tesoureiro, nada. Temos sim capitão, técnico, goleiros, laterais-direitos, porque isso não tem a ver com hierarquia necessariamente, e sim com aptidões ou gostos pessoais por jogar aqui ou ali, ou fazer essa ou aquela função. E divulgamos essa idéia de autogestão por onde jogamos, distribuindo panfletos ou no boca-a-boca mesmo. Alguns jogadores que estão com a gente, inclusive, eram de times que enfrentamos e que gostaram do nosso jeito de lidar com as coisas. Então a nossa autogestão é tentar ser o mais livre possível dentro do que se quer ser, mas respeitando os princípios básicos e as responsabilidades inerentes a todo projeto coletivo, como chegar na hora, colaborar com a grana sempre que necessário etc. Claro que no meio disso tudo às vezes surgem conflitos, mas o que seria a vida sem conflitos?

ANA > E qual a relação do Autônomos FC com o anarquismo? A cor do uniforme é mera coincidência? (risos)

Oman < (risos) É não é não. Acontece que o time foi fundado por punks e anarquistas, então na hora de escolher o escudo e as cores do uniforme isso contou. Mas conforme foi crescendo, o Auto (apelido carinhoso do time) foi se abrindo. Nunca foi um time explicitamente anarquista, mas sempre foi um time com ideal autogestionário, anti-racista, anti-fascista, contra o futebol mercadoria. Na verdade, os fundadores e boa parte do time, hoje, é de românticos, que ainda enxerga o futebol como uma crônica continuamente narrada a muitas vozes sobre a vida. Até banda de "rock'n'gol" o time gerou, a Fora de Jogo, que toca trajada com os uniformes do time e fala de futebol (sob uma ótica política) em todas as suas músicas. Além de que, convenhamos, preto e vermelho é uma combinação de cores das mais bonitas que existe. Os anarquistas, além de tudo, sempre tiveram bom senso estético. (risos)

ANA > Como explicar um anarquista ser fanático por futebol, por um time profissional, que cada vez mais são verdadeiros instrumentos capitalistas de manipulação, consumo e controle social? Ou assim como o amor não tem explicação? (risos)

Oman < Olha, explicação mesmo acho que não tem. A gente cresce gostando de futebol, aprende nele e com ele a se expressar, a se entender no meio de um coletivo (a torcida), acaba virando um dos nossos primeiros lugares de socialização. E como é o único que é contínuo pela vida toda, difícil se desligar dele. Até porque existiram muitos times anarquistas na história, o começo do futebol é operário, e ele é mais do que tudo uma festa popular. No início do século anarquistas aqui em São Paulo nomeavam suas equipes de "Flor" ou "Estrela". Então, sempre que você encontrar um boteco ou padaria com esse nome, são grandes as chances de ele ter um passado anarquista. (risos)

E se o profissional é cada vez mais instrumento de controle, ele permite também nas suas brechas diversos tipos de encontros essencialmente anti-capitalistas, pró-ócio, pró-festa. A Gaviões da Fiel, torcida do Corinthians, por exemplo, se aproximou do MST nos últimos anos, dos Sem-Teto, promove festivais de cinema político, entre outras coisas. Temos que tomar cuidado pra não tomar a festa do povo por ópio, esse velho clichê, porque não é simples assim. O futebol foi apropriado pelo capital, assim como todo o resto, mas o próprio capital, contraditório que é, recria possibilidades dentro do profissional mesmo de ir contra ele (um bom exemplo, embora já meio distante temporalmente, é a Democracia Corinthiana). Cabe encontrar essas brechas, aproveitá-las, aprofundá-las. Durante toda a sua história o futebol opôs controle à festa, foi usado para dominar de um lado e para contra-atacar o domínio de outro. São tantas as histórias possíveis de serem contadas dentro do futebol... Um livro legal sobre isso é o "A Dança dos Deuses - Futebol, Sociedade, Cultura", do historiador Hilário Franco Júnior. O que podemos e devemos fazer é continuar a contá-las, do nosso jeito, sem deixar que as vendam como mero produto descartável.

ANA > Será mesmo que o futebol profissional recria possibilidades de ir contra ele mesmo? Não acredito. O futebol profissional brasileiro está tomado pela maracatuia, pelo mercado, pelo negócio, vide Rede Globo, CBF´s, Trafic´s, Adidas e por aí vai. E por outro lado, os jogadores profissionais, na sua maioria, são despolitizados, sem atitude, vão à mercê dos dirigentes, cartolas. E no grosso as torcidas organizadas não são muito diferentes disso tudo não, também vão a reboque de políticos, dirigentes, cartolas... Na Itália, e em outras partes da Europa, que foi criado um movimento interessante por vários grupos "Ultras", chamado "Contra o Futebol Moderno", que luta contra as condições precárias dos estádios, ingressos caros, partidas sendo jogados em horários não-tradicionais, jogadores sendo vendidos como mercadoria, a comercialização excessiva no futebol etc. As torcidas uniformizadas do Brasil poderiam seguir esse exemplo, não?

Oman < Não vou te dizer que o profissional dá possibilidades o tempo todo de se ir contra ele, mas as recria vez ou outra sim. Se está envolto em tudo isso que foi mencionado, me diga, em que é diferente de qualquer outra esfera da sociedade? Tudo foi apropriado pelo capital, as relações sociais baseadas na venda são quase totalitárias, então as brechas são mesmo pequenas, ainda mais em um país onde as organizações sociais são tão marginalizadas e politicamente tão superficiais (não todas). As organizadas seguem o mesmo caminho. Não dá pra esperar delas uma postura que nenhum (ou quase nenhum) outro movimento organizado da sociedade toma, como essa de ir contra o futebol moderno. As poucas torcidas que vejo tentando seguir algum exemplo de fora acabam copiando as formas estéticas, as faixas, os gritos de guerra, mas não o conteúdo das reivindicações. Mas mesmo assim há organizadas indo contra sim. Um exemplo é a Resistência Coral, do Ferroviáio do Ceará, abertamente anti-capitalista, que leva faixas com dizeres como "paz entre as torcidas, guerra ao Estado". Normalmente são torcidas menores, frutos de movimentos pequenos, como em geral é o anarquismo e o anti-capitalismo no Brasil. Mesmo assim, nas grandes torcidas aparecem às vezes manifestações nesse sentido. Já citei a Gaviões, que este ano levou faixas contra o preço dos ingressos nos jogos fora de casa do Corinthians. A Mancha Verde, do Palmeiras, também recentemente protestou contra o preço dos ingressos no estádio do clube. Eu acredito que os próprios constrangimentos que o capital imprime junta pessoas em direção a lutas por direitos básicos. Essa história da Copa 2014 e seus estádios a la européia vai dar pano pra manga. Já dá, aliás. Ano passado, acompanhando a final da Taça Brahma no estádio do Palmeiras, vi um monte de gente de Itapevi, cidade periférica da Grande São Paulo, se deslumbrando com o Setor Visa, pedaço do estádio com preços altos e cheio de mordomias. Outras pessoas, ao mesmo tempo, achavam aquilo absurdo, porque elitizava o estádio. A força das organizadas, que a mídia insiste em colocar na violência e na coerção, na verdade reside no fato de que elas são aglutinadoras de gente da periferia, que é quem mais sofre com as restrições do capital. Disso sempre pode surgir algo. E há de lembrar também que na mesma Europa contra o futebol moderno estão torcidas neonazistas, que também são contra o futebol moderno, obviamente por outros motivos. A Eurocopa desse ano mostrou neonazistas croatas com faixas com esses dizeres. Então, temos sempre que pensar as possibilidades dentro das realidades históricas, sociais, políticas de cada lugar. Não dá pra querer no Brasil a força de um movimento anarquista organizado como o grego, por exemplo, do dia pra noite. Mas nem por isso não existem possibilidades ou se deve jogar fora o que há.

ANA > Num papo sobre "Cultura e Futebol", um crítico de arte e amante do futebol disse: "Anabolizado ao máximo pelas táticas e pelo preparo físico, o jogo vem mudando um pouco de figura, atenuando seus componentes anárquicos e tendendo à exacerbação de seus aspectos mais previsíveis. No fundo, o desafio aqui é o mesmo da arte. Disfarçada de permissiva, vivemos uma época obsessiva pelo controle, ainda que o nome do controle, muitas vezes, seja obediência tática, desempenho, pró-atividade, boa administração." E aí, a indústria do futebol está matando a criatividade, espontaneidade do futebol? O que pensa disso tudo?

Oman < Isso é verdadeiro se falamos de futebol profissional, e em boa parte do amador, também, que acaba se tornando cada vez mais um "espelho quebrado" disso tudo. Mas o futebol sempre se reinventou a todo tempo, independentemente do tanto de controle (tecnológico ou não) que o capital tentou impor sobre ele. No começo ele era um jogo de drible de nobres ingleses. Os operários o transformaram em um jogo de passe, e assim ele chegou aqui. Com esse jogo de passe o Uruguai, viajando de forma precária, conquistou duas Olimpíadas na Europa na década de 20. Por aqui, estudantes e a elite começaram a jogar só entre si, mas não demorou para a maioria de negros, caipiras, indígenas e trabalhadores rurais adaptar o jogo pra sua realidade, cheia de entreveros a serem "driblados". E surgiu o futebol brasileiro, baseado no drible, cujos expoentes máximos são Pelé e Garrincha. Garrincha que já se tentou domar desde a Copa de 58, inclusive, mas a quem tiveram de se render depois do insosso empate em 0 a 0 com o País de Gales na segunda rodada. Se formos falar de várzea, então, veremos que o próprio capital recria o futebol. Acaba com os campos no centro da metrópole pra urbanizá-la. Expulsa trabalhadores e pobres para as periferias não-urbanizadas. E lá os campos pipocam novamente. E assim vai. Já nos estádios a coisa não vai tão bem, com a vigilância ostensiva cada vez maior, querendo transformar torcedor em mero consumidor e torcida organizada em bandido violento, quando se é muito mais que isso. A Copa 2014 vai representar um momento drástico nesse embate. Torço para que até lá estejamos fortes o suficiente pra ao menos sermos ouvidos contra essa transformação do estádio em shopping center.

ANA > Falando em arte. No Brasil há poucos livros abordando o futebol. Vocês não projetam lançar algo neste sentido?

Oman < Pessoalmente estou terminando um trabalho acadêmico sobre o futebol contemporâneo na metrópole de São Paulo, mas isso não tem a ver com o time, embora eu fale dele na pesquisa. E na verdade a produção de livros (e filmes) sobre o futebol tem crescido no país, está se re-descobrindo que o esporte é uma expressão da própria sociedade, às vezes artística, às vezes não. Porém, no time, temos algumas pessoas que não só gostam de escrever como fazem isso regularmente acerca do futebol. Quem sabe você mesmo não está lançando uma idéia muito boa pra gente? Por exemplo, costumamos noticiar nossos jogos na lista de e-mails como se fossem notícias de jornais inventados, "A Plebe", "O Povo" e coisas assim. Isso pode dar coisa boa, rapaz! Inclusive, no site que sempre projetamos e nunca fazemos, essas coisas vão constar com certeza.

ANA > Recentemente quando esteve em São Paulo, John Zerzan comentou que tinha sido lançado um livro nos Estados Unidos que abordava "anarquismo, comunismo e futebol". Se eu não estou equivocado, o título do livro é "Revolution: The Girly Gay Commie Soccer Threat To The American Way Of Life".

Oman < É que o "soccer" nos EUA tem outra perspectiva. É esporte da classe média, das mulheres, dos gays, dos latinos. Das minorias. O povão lá acompanha os esportes de pontuação alta, basquete, futebol americano, hóquei. Isso gera bizarrices como mães que obrigam seus filhos a jogar futebol de capacete porque cabecear a bola pode machucar. Não é coincidência que nesses seriados de TV paga feitos pra classe média as mães sempre levem seus filhos para o futebol, ou que tantos filmes infantis sejam feitos sobre futebol onde uma menina ou um cachorro são os protagonistas principais e os filmes sempre são leves, pretensamente divertidos. Já os filmes sobre basquete ou futebol americano envolvem histórias viris, de superação a todo custo, de exaltação do amor à camisa (ou a pátria), temas muito mais povão por lá. Os Simpsons têm um episódio em que sacaneiam o futebol, mostrado como um jogo em que se fica passando a bola e não acontece nada e no final as torcidas vandalizam o estádio. Então por lá pode ser que os anarquistas ou comunistas vejam no esporte algo mais "libertário" simplesmente por ser contra os valores esportivos tradicionais. Mas isso está longe de ser necessariamente verdadeiro. Tem um livro de um jornalista americano apaixonado por futebol chamado "Como o Futebol Explica o Mundo" em que em um dos capítulos ele fala dessa coisa do "soccer" por lá, a discriminação, esse tratamento como esporte de filhinho-de-mamãe e de latinos, de inimigos da pátria. Vale conferir.

ANA > Você sabia que o libertário Albert Camus, teve uma breve carreira de goleiro de futebol, interrompida aos 17 anos quando contraiu tuberculose nas ruas de Argel? Uma vez perguntado por um jornalista sobre a importância do futebol em sua vida, ele respondeu: "O que eu sei sobre a moral e as obrigações de um homem devo ao tempo em que joguei futebol..."

Oman < Sim, inclusive esse assunto esteve em pauta entre a gente faz pouquíssimo tempo. A Argélia tem também, inclusive, uma outra história sobre futebol muito bacana: quando da guerra pela independência, um grupo de jogadores argelinos, alguns profissionais em clubes franceses, abandonaram suas equipes e fizeram amistosos pelo mundo em prol da causa argelina. Essa "seleção" foi até reconhecida pela FIFA, antes mesmo do país, assim como acontece com a Palestina hoje. Ficaram conhecido como "Revolutionnáire XI", ou "Revolucionário Onze", numa tradução livre. O Camus com certeza devia andar lado a lado com eles. E essa frase dele sintetiza muito bem como o futebol é representação da vida, da guerra, da arte, da sociedade.

ANA > Há algum filme sobre futebol que você goste, destacaria?

Oman < Olha, eu particularmente sou muito deslumbrado com filmes de futebol, mesmo os bobos. Tem um patrocinado pela Adidas que chama "Gol! O Sonho Impossível", onde um mexicano ilegal nos EUA consegue ir jogar pelo Newcastle, da Inglaterra. É bem bobo, mas me diverte. Já filmes sérios, acho o do Garrincha bom, e os dois "Boleiros" interessantes. Mas não destacaria nenhum deles em especial, são mais crônicas apaixonadas do que qualquer coisa. Legais pra se apaixonar, nem tanto pra fazer uma crítica sobre o futebol. Deixo claro que essa é a minha opinião, não sei se outras pessoas do time pensam assim. Tem gente que gostou desse filme novo aí, "Linha de Passe". Eu não assisti, tenho um certo ranço com essa coisa de cineasta brasileiro que faz filme do tipo "vejam a nossa pobreza, que sofrida, que bonita, que romântica" pra europeu ver, filme que sempre tem um final poeticamente feliz. Já documentários, tem um que eu acho muito bom, argentino, que chama "A Outra Copa" e mostra todas as dificuldades da equipe de "futebol de rua" (ou seja, moradores de rua que jogam) da Argentina em ir para a Copa do Mundo da "categoria" na Suécia (site do torneio: http://homeless.worldcup.org). Um detalhe desse campeonato é que a Itália ganhou duas ou três vezes. Só que o time italiano é formado por latinos (brasileiros, argentinos, uruguaios), que foram pra lá e viraram moradores de rua. E tem também filmes bons onde o futebol é pano de fundo: "Fora do Jogo", do Irã, sobre mulheres que querem assistir a um jogo da seleção e são barradas; "Crônicas de Uma Fuga", argentino, muito bom, sobre um goleiro que é preso pela ditadura confundido com um militante político e elabora um jeito de fugir (o final é dos mais lindos que já vi em filmes); "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", pra mim um dos melhores filmes brasileiros dos últimos tempos, que tem tanto o futebol profissional como o futebol de várzea como pano de fundo, com um negro como goleiro do time dos judeus no bairro do Bom Retiro; e tem um que o Jão citou mas eu nunca vi que chama "Pra frente Brasil". Por fim, tem um documentário uruguaio não tão bom chamado "Aparte", sobre moradores das periferias que, entre outras coisas, são catadores de latinhas, onde há uma presença do futebol muito forte, tendo inclusive imagens de um jogo de várzea só de mulheres, coisa rara de se ver na vida e na arte.

ANA > É cada vez maior a presença feminina no universo do futebol, assim como a violência no futebol, entre as torcidas, ou grupo de torcedores pressionando agressivamente dirigentes, técnicos, jogadores... Contudo, raramente vemos mulheres nessas brigas, confusões. O fato é que os homens são um bando de idiotas mesmo? (risos)

Oman < (risos) Creio que a cultura masculina é mais permeada de agressividade e babaquices do que a feminina, mas de uma forma geral essa violência é resultado de muitas outras violências anteriores, como o preço dos ingressos, dos alimentos, o tratamento dispensado pela polícia, a localização dos estádios em centros nobres onde a entrada dos torcedores não é permitida em dias comuns. Já a entrada das mulheres no jogo não é bem uma entrada, é uma volta, pelo menos em alguns lugares. Aqui em São Paulo, por exemplo, no começo do futebol de várzea os clubes de bairro tinham departamentos femininos constituídos que eram responsáveis pela confecção e manutenção de bandeiras e troféus, ensino e execução do hino do clube, organização das festas que aconteciam junto aos jogos... O futebol era pano de fundo pra festa popular, muito mais do que um mero jogo. Festa feita por comunidades organizadas, que serviram de base para as próprias torcidas contemporâneas. E falando nelas, é importante também lembrar que a violência desses grupos organizados é só uma parte do que eles representam, a parte que serve pra mídia e pras instituições do futebol enfiarem goela abaixo a transformação do futebol em mercadoria, do torcedor em consumidor, cada um sentadinho quietinho na sua cadeira ou em frente à TV, consumindo. Um mecanismo de controle sobre uma das poucas coisas que o trabalhador, o pobre, o povo, enfim, tem como sendo dele, como intocável, independente de qualquer situação social ou econômica - até por isso a agressividade nas cobranças a dirigentes e jogadores, cobrança que às vezes lembra mesmo a de consumidores, mas que na maioria das vezes é a voz de quem está descontente com o tratamento dado a algo coletivo, um sentimento mesmo, aliás, dos poucos sentimentos que permanece num mundo onde tudo muda tão rápido.

ANA > Você acha que o futebol feminino não cresce no Brasil por causa do machismo, do preconceito? Como você diz, as mulheres historicamente sempre foram tratadas como subalternas, com papeis bem definidos, raramente como protagonistas do futebol, do jogo... Homem é uma desgraça mesmo. (risos)

Oman < (risos) É, não dá pra descartar a imbecilidade masculina nesse processo, mas acho que é algo mais econômico do que só cultural. Não dá dinheiro, então não cresce. O futebol feminino profissional é amador, na verdade. Mas por incrível que pareça no começo do futebol na Inglaterra existiam ligas de futebol feminino! Sumiram logo, mas existiram. No Brasil, eu acho que ao menos ultimamente a seleção feminina trouxe mais orgulho pros torcedores do que a masculina, até porque ela é mais humana, mais sofrida, mais cheia de sentimentos. O grande problema é que o crescimento que se espera do futebol feminino é o crescimento econômico, da profissionalização, da mercadoria. E esse não vai acontecer tão cedo - e eu, particularmente, nem sei se seria algo completamente bom. Mas se o tênis virou moda depois do Guga, tudo pode acontecer. Até porque em todos os esportes a presença feminina cresce e a distância entre os recordes masculinos e femininos diminui.

Mas voltando pro futebol, um dos zagueiros do time, que é professor, ficou sabendo que há um projeto pra 2009 de começar times de futebol feminino em todas as escolas estaduais de São Paulo. E no Auto, nossa mascote é a Mafalda, do Quino, pela postura contestadora dela e porque a maioria da nossa "torcida" acaba sendo das namoradas, mulheres, irmãs, então a homenagem a elas é mais do que justa. E se tiver meninas querendo formar um quadro feminino do Auto, por favor, apresentem-se! Nas poucas vezes em que jogamos futebol de salão houveram meninas jogando conosco. Não fazemos um time misto só porque isso é impossível na várzea. Mas um dia, quem sabe, dá pra tentar sim!

ANA > Como você vê essa história dos jogadores profissionais, em sua maioria, rezarem aos gritos um "Pai Nosso" antes dos jogos? Vocês do Autônomos FC fazem isso também? (risos)

Oman < (risos) Bom, eu vejo como um ritual herdado da várzea, onde todo time faz isso também. No Autônomos não fazemos isso, embora já tenhamos feito de sacanagem umas duas vezes, tentando ver se assim a gente não perdia. Não adiantou, parece que Deus não gosta muito de nós. (risos) No lugar de rezar a gente entoa um canto em homenagem à torcida. Dá pra ver isso nesse vídeo aqui, uma espécie de mini-documentário sobre o time: http://fiztv.uol.com.br/f/Video/assista/16751/0

ANA > Vocês já se imaginaram participando de um "Mundialito de Futebol Anti-Racista", desses que acontece na Europa, que reúne times de várias partes do mundo? (risos)

Oman < Cara, conhecemos isso esse ano através de uma equipe amadora anti-fascista inglesa que nos mandou um e-mail! Morremos de vontade de ir, mas não há condições financeiras pra isso. Em compensação, chamamos essa equipe pra jogos por aqui e eles aceitaram, agora estamos vendo quando eles poderão fazer isso, se poderão mesmo, como faremos. Com certeza se eles vierem será um momento único por aqui, novo, até uma oportunidade de encontro com organizadas, equipes amadoras, torcedores pra uma troca de experiências.

ANA > Uma coisa que sempre me chamou a atenção no futebol profissional é o fato de muitos jogadores negros, com "cara de nordestinos", se casarem com loiras, mulheres brancas. Quem exemplifica isso muito bem é o maior astro do futebol de todos os tempos, Pelé. Aliás, a única filha que ele teve com uma mulher negra até hoje ele não assumiu, muito pelo contrário, sempre se esquivou da história. É um mito dizer que no futebol brasileiro não há racismo?

Oman < Está longe de ser mito, muito longe mesmo! O futebol faz parte da sociedade, e se a sociedade é racista, é claro que no futebol isso vai aparecer. Não tem Obama ou Hamilton que mudem isso. (risos) Só pra dar um exemplo mais recente, o Felipe, goleiro do Corinthians, quando foi rebaixado pelo Vitória-BA foi chamado de macaco preguiçoso por um dirigente do time, que ele processou (o caso, até onde sei, está na Justiça ainda). Isso sem falar nas histórias passadas, de jogador negro passando pó-de-arroz na cara. É claro que o capital não vê cor quando o jogador dá lucro, mas ali no cotidiano dos jogadores, no dia-a-dia, rola racismo o tempo todo. Na Copa de 1958 o time que jogou os dois primeiros jogos só tinha brancos, fruto do preconceito adquirido na Copa de 50 quando o goleiro negro Barbosa foi culpado pela perda do título. Então isso vem de longe, desde o começo da bola rolando por aqui, do embate entre times da elite e times da várzea, que opunham fundamentalmente brancos a negros, pobres, mestiços, caipiras. Isso foi inclusive usado de desculpa pelos times da elite para não mais disputar jogos contra os times que aceitavam esses jogadores. O que acabou sendo mau negócio pra eles, porque perderam qualidade técnica e público (que na época eram a maior fonte de renda) e acabaram falindo. Veja só que coisa, o próprio processo capitalista no futebol fez os times pobres falirem os ricos. Mas o racismo continuou, está aí até hoje. O Pelé, pra mim, em termos raciais, é um Michael Jackson que não tentou se pintar de branco, nada mais do que isso. Sou Maradona mil vezes. (risos)

ANA > Para finalizar, quais os projetos futuros? Pretendem organizar algum evento com exposições, debates e palestras em torno do futebol?

Oman < Então, a vinda dos ingleses (a equipes se chama Easton Cowboys&Cowgirls, existe há mais de década e tem vários esportes, não só futebol, com participação feminina) nos deu a idéia e a vontade pra algo nesse sentido. Queremos chamar o pessoal da Resistência Coral e quem mais se sinta interessado pra participar também. Mas mesmo que eles não venham, acho que em 2009 devemos fazer algo nesse sentido. Esse ano fizemos um debate no Ativismo ABC sobre futebol e política, mas teve muito pouca gente. Queremos repetir isso em breve sim. Enquanto isso continuamos jogando na várzea, conhecendo e sendo conhecido. E quem sabe mais pra frente não conseguimos marcar uns jogos interestaduais? Soubemos que aí na Baixada Santista o pessoal libertário joga na praia às vezes, em Santa Catarina o pessoal do Passe Livre tem um time também... quem sabe uma liga de futebol autogestionário não se configura daqui uns anos? (risos) E tem também o "Auto Júnior", que acabamos de formar com a molecada, todos da extrema zona sul. Queremos levar eles pra outras coisas além de jogos, é um projeto que está começando e no qual estamos bastante empolgados. Por fim, temos o sonho de um dia ter um campo nosso, um terreno baldio qualquer, comprado ou cedido, pra poder fazer as coisas ainda mais do nosso jeito, levar os projetos adiante e colocar o time numa situação de maior presença no tempo e no espaço da cidade. Se alguém que estiver lendo isso tiver como e quiser ajudar, entre em contato!

ANA > Alguma coisa mais? Valeu!

Oman < Cara, queria agradecer muito em nome do time por esse espaço. O movimento anarquista no Brasil sempre teve muito preconceito com o futebol, é muito bom ter um espaço desse pra falar. O futebol sempre foi do povo por aqui, o capital destruiu isso e encobriu a história. É importante pra qualquer movimento que se pretende social se aproximar e entender melhor as coisas do povo, então que o futebol possa ser visto com mais carinho no meio libertário. E desculpa se eu falei demais, mas é que o tema propicia muita conversa... Por fim, um abraço pra todo mundo e quem se interessar pode entrar em contato com a gente, pra jogar, pra torcer, pra convidar ou planejar eventos, estamos aí! Abraços autogestionários!

Contato: autonomosfc@gmail.com

Blogs: http://autonomosfc.10.forumer.com/ e http://autonomosfc.blogspot.com/

Clipe da Banda Fora de Jogo: http://www.youtube.com/watch?v=uIg_tBadIvQ

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mostra Cultural da COOPERIFA


Idéia

Ei você...nunca venda ou empreste sua liberdade, homens e mulheres livres de verdade, multidão avante que o desafio é grande, Música, Literatura e Arte, fazendo sua parte!!

Genival de Oliveira Gonçalves - GOG