quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ginga da Favela

Olha na greta, vê lá quem chegou / Seja quem for, não quero idéia com ninguém morô

O nego cansou, ilusão não cola mais / Vou ouvir “O Pregador” e ficar na paz Quantos jaz atrás da revolução / com intelecto no cano do oitão Disposição ou má interpretação?

Acho que foi a letra torta da minha canção Que deu inspiração pro tal revolucionário / Que cumpre pena no sistema carcerário Certo? errado? Quem pode dizer? / Inocente? Culpado? O que se vai fazer?
Se o Kamikaze causa medo na sociedade / quando desce o morro pra cobrar a sua parte No combate, a ginga da favela causa dor / E na resistência sou mais meu gladiador O sofredor que traça sua vida como um filme / Que não passa na programação do supercine O clique do disparo é a viagem sem volta / O crack na periferia é motivo de revolta

No programa de TV o artista chora / Lágrima sem sentimento, sensacionalismo hipócrita Na rua julga o menor marginal / Que porta a camisa do colégio estadual Eu já presenciei a fome no sinal / Uma reação, um disparo fatal Me diz quem que tá certo, o cara que não luta / Ou o que busca os seus direitos usando da força bruta

A ginga da favela, a ginga da favela, a ginga da favela causa dor

Já vi malandro se render a uma oração / Quando o crente ressitou que Jesus que é a salvação

Vi fortaleza desabando irmão / Excluindo todo o pecado de um ex-pagão Eu tô falando é de bandido, neguinho sem opção / Quinze anos de idade já plantava de avião Que dava o sustento pra família inteira / e ainda tirava o Nike Air da pratileira

Então quem é você pra julgar um sofrimento / Porque quem sente a dor somente é quem tem dentro Quem sou eu pra julgar o coração de um ser humano / Que tem se atropelado, no veneno se afundando Nem superman na favela se cria / Um estampido na noite, mais sofrimento na periferia É a mãe que chora mais um filho perdido / Vários tiros, B.O, confundido com bandido

E quando chega o carnaval tudo volta ao normal / Lavagem cerebral, esquecimento parcial Pluma e paetê camuflando a ferida / Enquanto o carro alegórico atravessa a avenida Escolha a profissão, pagode ou futebol / ou me acompanhe no parto do nascimento quadrado do sol

Sinta o cheiro do formol imagine a flor / porque aqui, a ginga da favela causa dor A união é que faz a força dessa gente / Mas sempre tem um ou outro que quebra a corrente Entrega o irmão, faz papel de serpente / cabeça rola todo mundo tá contente

A ginga da favela, a ginga da favela, a ginga da favela causa dor

Letra de Dudu De Morro Agudo

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