sexta-feira, 13 de março de 2009

Entrevista com a artista Ana Clara

Dando continuidade a homenagem as mulheres nesse mês que se comemorou o Dia Internacional da Mulher...segue a entrevista com mais uma artista...confiram...


Salve guerreira...pra começar diga quem é...de onde é e o que faz

Ana Clara...de São Paulo...Grafiteira

Você já sofreu preconceito por ser mulher grafiteira?

Ana: Numa sociedade dividida, machista, toda mulher sofre conseqüências por ser mulher, assim como os homens. Existe normas de comportamentos para ambos os sexos, divisão de trabalho, roupas, gostos, características e até cores. Portanto, não sofro preconceito como graffiteira em si, e sim como mulher! E o machismo se dá de forma velada. É como pensar em violência, as pessoas acham que é só a porrada, e não é, existe a violência psicológica, simbólica e verbal. E no machismo muitas vezes as formas mais sutis de cavalheirismo pode estar escondendo algo muito mais grave.

Como surgiu seu interesse por desenho...e o que te levou a fazer grafite?


Ana: Surgiu como toda criança, descobrindo cores, formas e se encantando. Mas como fui incentivada a continuar pintando e desenhando no papel eu consegui aprimorar minhas técnicas. O graffiti era algo que comecei a ver na rua e queria muito me apropriar daquilo, já estava no hip hop, freqüentando bailes e o graffiti era tudo aquilo que gostaria fazer. Entrei com ajuda de amigos e amigas e estou até hoje.



Quais são suas influências femininas?


Ana: No graffiti logo de inicio eram pouquíssimas, ficava até meio perdida, mais lembro da revista Fiz e vi alguns trabalhos da Nina, ela me inspirou no sentido de ir e fazer sem medo, saber que não estou sozinha, mesmo tendo varias outras graffiteiras por vários cantos do país. Depois vieram varias outras mulheres que hoje tem um destaque muito importante e com traços fortes. Frida Khalo, quando vi os trabalhos e a historia fiquei apaixonada e me identifiquei muito com ela.

O que representa o grafite na sua vida?

Ana: O graffiti é uma das formas de linguagens que utilizo, é algo que gosto de fazer e que sei fazer. É meu porta voz quando não tenho voz!


Qual seu envolvimento com os outros elementos do hip hop?


Ana: Antes do graffiti eu já estava envolvida politicamente com o hip hop, participando de eventos que tinha a causa da mudança, o movimento me mostrou que o mundo não é isso que vemos na TV. Me envolvi com todos os elementos antes de chegar no graffiti, e pra mim foi muito importante pra ser o que eu sou hoje.

Acha que tem aumentado o numero de minas grafitando?


Ana: Com certeza, a sociedade muda, isso representa e diz muita coisa, é claro que existe a tal da moda, mais mesmo de moda acho importante as mulheres ocuparem os espaços, e aí no fim fica quem tem uma causa ou quem gosta de fazer por esporte ou somente pra ser destaque.

De onde tira sua inspiração para fazer seus grafites?


Ana:Depende do tempo, vou dizer de hoje, hoje estou envolvida com a questão da sexualidade e da repressão e do aborto. Hoje tento colocar a sexualidade de uma forma não comercial e natural nas mulheres que faço, tento envolver a questão do aborto como uma forma da mulher ser dona do próprio corpo.

Qual tipo de desenho prefere grafitar?

Ana: Sei lá...rsrs Acho que o tipo de desenho que prefiro pintar é o meu mesmo.

O que é o Projeto Grafiteiras BR ?

Ana:Não é um projeto, é uma rede de graffiti feminino, mais não só de mulheres que pintam, é de mulheres com diferentes realidades, de diferentes raças, crenças e classe com o objetivo de fortalecer a mulher no graffiti, como artista aprimorar as técnicas, e dar suporte em todas as questões de gênero. Tem muitas outras questões, pois a rede é grande, mas o principal é isso, estamos remodelando e tentando colocar nossas metas e objetivos em sintonia, para isso fazemos encontros em diferentes estados.

Qual sua visão do grafite nas grandes galerias? Acredita que será esse o futuro do Grafite?

Ana: Pergunta boa, e com certeza polêmica. Mas vou dizer em pouquíssimas palavras: É o fim de um começo que não será o mesmo do começo!
O graffiti assim como todo tipo de arte hoje está servindo para cobrir as mazelas, para remediar a pobreza ou para levantar auto estima ou criar identidade. Não sou pessimista sou realista, por mais que tenha resistências o monstro é bem maior e tem muita gente que se encanta, portanto muita coisa nasce de um jeito e termina de outro, ninguém nasce e morre do jeitinho que era antes, mas também não acho que idéias tenham que ser jogados fora por interesses individuais.


Pra terminar deixe um salve pra quem freqüenta nosso blog...pras minas especialmente....e agradeço desde já pela entrevista... é uma honra pra nóis aqui do Dulixo e da Baixada Santista.

Ana:Mulheres, tanto para graffiti rap ou qualquer outra coisa neste mundo de cão! SE APRIMOREM, DESENVOLVAM TECNICAS, ESTUDEM, NÃO ENTRE NO GRAFFITI OU QUALQUER OUTRO LUGAR SEM ESTUDAR E SE FORTALECER E ABRAM O OLHO PORQUE O ELOGIO NEM SEMPRE É PARA INCENTIVO A CRITICA É IMPORTANTE!

Um comentário:

Walter Limonada disse...

Ótima entrevista e ótimas idéias !!!
Firmezza ttottal !!!