quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Voz Suja

Busquei o rosto das palavras,
mas todas passavam com pressa.
Sem tempo, leves e sem mágoa.
Não estavam tímidas, é que
não oferecei meu leito triste
como ancoradouro
por isso me ignoravam.
Por mim atravessavam águas,
e ilha não fui.
Raiz de que erva aqui nasceria,
para seu próprio fim?
Cultivo de ventos talvez,
que a tudo carrega.
Sou rio sem margem e sem pouso
inerte no fundo de mim.
Daqui partiram os girinos pequenos e
os peixes coloridos.
Intenção minha de ficar eternamente impura
cheia de lama.
De dia, sou espelho de quem passa
e aqui padece um reflexo.
Dou pontadas nos olhos
minha sina.
É voz suja que contém
a noite guardada
o movimento de minhas
pernas flutuantes.
Agarro vapores pela madrugada,
sorvendo delírios de
letras enfileiradas.
Palavras que sabia de cor, e que
por essa região vivem.
Mas sei, sou poço imundo que transborda
água infértil.

Sendo lama
na secura do verbo.

Carolzinha - flor que não existe

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