quarta-feira, 12 de maio de 2010

Contenda Contente Comigo


Essa lua crescente
me permeia
de gente ausente.
 
Penso no diabo,
anjo miserável,
que paga o castigo
da independência.
 
Me falta ciência
pra quem ligar;
e olha que no meu celular
tem vários nomes na agenda...
 
Mas qual seria a contenda
que acalmaria minha aflição
de solidão?
 
Ligar pro Tio Nêgo?
Me nego!
Pro Luciano?
Beber não é o meu plano...
Pro meu pai?
Ai!
Pra Rosa?
Saudade da Rosa!
Adoraria ouvir sua prosa...
 
O desejo é o primeiro
clarão da saudade.
Cidade insanidade
 
Não existe cura
para minha loucura.
Esse romantismo confessado
do século retrasado
que aflora.
Vou pra ela
como quem passa o dia fora.
 
Vagueio por pensamentos
passados
ao lado
de bailarina.
Coisa linda!
Rica!
Saltita quando anda.
Cabelo de guirlanda.
Essa fada
safada...
Olho de esmeralda.
Certa mulher
que certa noite
teve a graça ingênua
de certa flor.
Seja como for...
 
O que me resta agora?
Só saudade
romantismo
que aflora.
 
Ascendo meu cigarro
ouço meu silêncio
abro meu livro.
A noite é grande!
Mas me dá a melancolia
desse cigarro
me dá a tranquilidade
desse silêncio
me dá a solidão desse livro
Ahhhh; se viver
fosse apenas assim!
Enfim...
 
Olho o horário.
Continuo à esmo.
Se eu não fosse o que sou,
queria ser isso mesmo.
Ou então veterinário.

O Augusto

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